A relação entre o envelope do edifício e sua estrutura continua a ser uma peça central da arquitetura. A casca é o que torna os projetos abertos ou fechados, controlando as condições ambientais, a iluminação natural e as vistas. Quer sejam perfurados, ranhurados ou modulares, os brise-soleils são envelopes elegantes, que criam novas condições espaciais. Tal fato é especialmente verdadeiro na França, onde os arquitetos estão repensando a tradição para dar vida a novas estruturas teladas.
Moldando a percepção do espaço, cada um dos projetos a seguir explora as aplicações modernas do brise-soleil, por meio de projetos variados em toda a França. Em diferentes materiais, escalas e programas, os brises transformam a experiência espacial. Como dispositivos que ajudam a mitigar o ganho de calor solar, essas telas de proteção solar são projetadas em torno da orientação, e da forma de um edifício. Normalmente, elas assumem a forma de fachadas de vidro com sombreamento horizontal, vertical ou em grandes planos de vidro. Cada um dos exemplos a seguir reinterpreta as condições de sombra e luz através de aplicações contemporâneas.
Corte Regional e Tribunal Industrial de Montmorency / Dominique Coulon & Associés
Como um projeto de um edifício público, vários tipos de brise-soleil foram utilizados para explorar estratégias de construção vernáculas e contemporâneas. O grande tema deste projeto é a justiça acessível, sendo um edifício público sem ostentação no tecido urbano. A diversidade dos materiais utilizados personaliza e reflete os diferentes aspectos do trabalho judiciário. A riqueza de volumes, sóbrios e esculturais, moldam os espaços internos com uma urbanidade privada, idealizada, levando a um centro judicial de pequena escala e ainda sim, bastante real.
Salorge / Atelier Arcau
Os representantes eleitos do condado de Pornic expressaram seu compromisso com as tradições regionais, excluindo imediatamente quaisquer formas arquitetônicas que não seguiam os volumes e modelos tradicionais da região de Retz. Partindo do brise-soleil, o projeto foi inspirado nas formas locais de salinas, os "Salorges" comuns nesta parte da costa atlântica da península de Guérande à região de Vendée. Os edifícios são longos, com uma construção simples, e revestidos com madeira. Assim, a equipe combinou dois volumes simples, seguindo os perímtros dos edifícios tradicionais da área.
Dojo / de Alzua+
Tradicionalmente, o dojo tem que obedecer a uma orientação específica. O lado honorário é chamado Kamiza, com face para o Sul. O professor sempre se senta com o Kamiza de costas. O outro lado, nomeado de Shimoza é destinado aos alunos. Neste projeto, o dojo é gentilmente implantado em declives naturais a leste, em direção ao conhecimento, reforçando esta sensação de ascensão criada pelos elementos do projeto. A planta livre com opacidade, translucidez e vazios brinca com a luz e sombra. Preto é sua cor, madeira seu material, e as aberturas translúcidas possuem brise-soleils integrados.
Pavilhão de Esportes Lardy / Explorations Architecture
A forma elíptica do edifício se inscreve naturalmente no paisagismo curvilíneo existente. As fachadas são concebidas como um envoltório de madeira natural por todo o edifício. Alternando entre opaca, filigrana e aberta, este envoltório converte-se, ao mesmo tempo, num recinto cercado e num refinado brise-soleil. A planta de construção é estratificada em três grupos distintos: um ginásio polidesportivo / áreas de esporte / salão de usos múltiplos.
Centro Comunitário La Queue du Lézard / Rue Royale Architectes
No cerne do projeto de renovação urbana para o distrito Mireuil de La Rochelle, "La Queue du Lezard " ("Rabo do Lagarto") é um complexo de equipamentos coletivos locais. Um centro comunitário, espaços para esporte e uma biblioteca de jogos são agrupados em uma estreita faixa de 200 m de comprimento composta por elementos cheios e vazios. Na fachada sul, os "adereços" são afastados do volume, e funcionam como brises.
Billère Farmer Market / Pierre Marsan
Um dos objetivos deste projeto era participar do desenvolvimento da indústria madeireira, utilizando recursos locais. Isso envolveu o início de um processo de construção usando materiais em um curto-circuito. Da diversidade de espécies que constituem a riqueza do nosso território, a equipe definiu o abeto-pirenaico para o enquadramento e a madeira Douglas para o revestimento. Para garantir a disponibilidade de materiais, o escritório se reuniu com as partes interessadas da indústria madereira, antes da construção para dar vida ao brise-soleil.